quarta-feira, outubro 22, 2008

Contos II

Sabes há quanto tempo eu não estava com alguém, assim? Nua? Há quase dois anos. É verdade. E aqui estou. Despida de roupa e de laços e de sentimentos. Quando estamos tanto tempo sem nos envolvermos com alguém, existe a ideia de que quando isso voltar a acontecer que será porque nos apaixonámos. Mas este não é o caso. Sim, uma vez que não havia sentimentos nem pudores no caminho, poderia já o ter feito há mais tempo, mais vezes, com qualquer ou até quaisquer outras pessoas. E no entanto estou aqui, com a pessoa que menos confiança inspira, com uma pessoa que gosta de afirrmar bem alto que não sabe nem quer saber o que é o amor. Com uma pessoa que tanto pode estar agora aqui comigo como daqui a uma hora estar a fazer exactamente o mesmo com uma outra fulana qualquer. Uma pessoa que tem a fama de, passo a expressão, "comer tudo o que mexe".
Então quem me é mais próximo pergunta-me: Porquê esse gajo? Não vale nada!
A verdade?
Eu não queria ser escolhida. Queria ser eu a escolher, e escolhi-te, qual predador escolhe a sua presa. Não quero laços. Não quero ter trabalho, nem perder tempo. Dois anos de celibato é muito tempo, mas não vou enganar ninguém com promessas falsas de amor só para quebrar esse celibato. E tu, és fácil. És garantido. E divertido, fazes me rir até nos momentos em que não é suposto rir. Fazes me encarar tudo isto com leveza, sem preocupações. Aqui, ninguém vai sair magoado, porque por mais que os nossos corpos estejam colados, estamos a oceanos de distância um do outro.

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